O dobro de tudo


Certeza ela não tinha (mas e quem tem mesmo?)
Da larga fresta que transpassava seu coração, vários tinham sido os que nele repousaram.
Mas, era uma noite chuvosa... e agora, como seria?
Restava o barulho das gotas a tocar o velho telhado, o cheiro da areia recém molhada e a xícara de café  sobre a mesa, ainda na espera.
 Mas ele não chegou, e nem o faria por um longo tempo... a largura dos dias se apresentava cada vez mais presente.



Os  P   I   N   G   O   S  podem ser percebidos mais calmos, a travessura tinha ficado na noite anterior
Agora era a vez dele, o sol.
De belos e ofuscantes amarelos, se exibia a todos os dispostos à brevidade ou não, 
aos insones que bebiam a noite aos goles e vomitavam no dia os sentimentos que ainda suavam na mente.



Ela abre os olhos, solta um sorriso gargalhado e olha ao seu lado.
A cama continua a mesma: quatro pés envoltos numa vontade nada cálida de pisar a vida, só pra exibir os calos que valem à pena.
É, foi um sonho. Ela percebeu.
Desses que só aumenta o desejo do toque, do sabor, do cheiro.


E tudo permanecia intocável: o dobro de tudo
... corações, pernas, pés, sofrimentos, aconchego, TROCA... (ainda que ToRtA, TOCA)

Ela olha o relógio, ainda cabem os costumeiros 10 minutos a enganar a história.
Outro sorriso, um (e)nlace seguro e o melhor dos sonos.


Por Natália Freitas

Comentários

  1. e eu que achava que não podia mais me surpreender. o que vc anda lendo hein? bom texto.

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