Guerras

Estou agora numa leitura.
Sobre um tempo de guerras e de pessoas costurando dignidades.
Estou agora absorta em mim. O livro já está sobre o colchão e eu em ti.
Não é possível, disse-me o tempo. É urgente, disse-me a memória.
Ela vagou sobre mim. Abriu uma trincheira insólita.

Vejo meu corpo deitado. Estou molhada da lama. E olho para o céu.
Uma vontade dilacerante de te contar por onde andei esses anos.
A razão me pune. Diz pra eu ficar muda e intacta.
A lama continua a umedecer minhas costas e cabelos.
E eu agora só queria te contar cada página desse livro, como nos velhos tempos.
A razão me chama tola. Me deixa de castigo, ali.. com o corpo úmido de lama.
Então me viro. Puxo o lençol e fecho os olhos.
Outro bombardeio.


Por Natália Freitas

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