Cabrita solta

Há tantas elas em mim

Negras há
Indígenas também

Há tantas elas em mim

Amasiadas
Largadas
Amadoras
Rasgadas
Sabedoras

Há tantas elas em mim

E por todo lugar que passo
Uma delas tá ali

Em dia de sol danado
Solta o aço dos dentes

Há tantas elas em mim

Passeia molhada e descalça
De ventre esguio e cabelos maremotos

Há tantas elas em mim

Saiu sozinha na madrugada
Quebrou regras, vielas
Ergueu o copo limpo questionável
Brindou à morte, aos orixás, à vida kalunga

Há tantas elas em mim

E não há nenhuma
Que detenha
Explique
Defina
Nesse mundo todo
Quem delas mais assobia:
Muié, eu to aqui


Por Natália Freitas

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tá tudo amassado

Los treinta y seis colores de una vida

Quando chuva