Divagando devagarinho
Cabiam muitos metros naquela estrada. Cabiam-lhe também o coração apertado e o odor de seus pensamentos. Mas, não mais do que isso, não mais. A cada 10 passos, uma olhadela para o passado. E mais 10 e outros 10 e outros e outros... a mesma olhada, o mesmo passado. Há dias caminhava. Deixara sua cidadezinha (melhor seria dizer que fugira) sem ao menos esperar o sol se espreguiçar. Não adiantaria. Ela estava decidida. Juntou todas as coisas de que mais gostava: um chaveiro, o pijama rasgado e aquela foto maltratada pelo tempo. Abriu a porta de mansinho, não queria acordar ninguém, e firmou os passos sem ao menos dizer adeus. - Perda de tempo, julgou ela. Não há adeus suficiente sem que antes nos tenha ordenado o coração e nossos pensamentos. Disso ela sabia bem. Logo que o dia se contrapusesse ao sumiço dela, todos diriam em uníssono: - Invencionice. Aqui tinha de um tudo. Comia bem. Dormia bem. ... Ela também não conseguia explicar com a pureza da raz