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Mediocridade, dá um tempo!

Já nem faz tanto tempo assim ou faz? Minha memória rouca insiste. A falha é a melhor demonstração das tentativas. Dela podemos resgatar aquele eu que, por muitas vezes, tentou. Mas o dia segue cinzento, como que dizendo: - Não, eu não te quero. Pessoas andarilhas passam. Passeiam e, até mesmo, estacionam. O trânsito tomou suas vidas, não tem jeito. Estão engarrafadas. O sinal parece sempre estar vermelho. Não há espaço para o sossego, a ousadia e a violência do amor (en)carnecido (aquele que, de tão suave, enternece e escarneia). Queria eu o vibrar de uma garganta poeta. Mas não, minhas palavras são usadas. Fracas. Com sinônimos. O que eu desejo? perguntaria você. Uma injeção de vida para uma veia bem pulsante. O rasgar da pele, por pura vontade de ter. O abuso do sorriso zombeteiro. O frescor daquele cheiro que senti aos cinco anos, quando a vida era toda minha. E eu te pergunto, meu caro. É nessa merda que planejas teu pranto? A mim não serve. Devolvo.

Divagando devagarinho

Cabiam muitos metros naquela estrada. Cabiam-lhe  também o coração apertado e o odor de seus pensamentos. Mas, não mais do que isso, não mais. A cada 10 passos, uma olhadela para o passado. E mais 10 e outros 10 e outros e outros... a mesma olhada, o mesmo passado. Há dias caminhava. Deixara sua cidadezinha (melhor seria dizer que fugira) sem ao menos esperar o sol se espreguiçar. Não adiantaria. Ela estava decidida. Juntou todas as coisas de que mais gostava: um chaveiro, o pijama rasgado e aquela foto maltratada pelo tempo. Abriu a porta de mansinho, não queria acordar ninguém, e firmou os passos sem ao menos dizer adeus. - Perda de tempo, julgou ela. Não há adeus suficiente sem que antes nos tenha ordenado o coração e nossos pensamentos. Disso ela sabia bem. Logo que o dia se contrapusesse ao sumiço dela, todos diriam em uníssono: - Invencionice. Aqui tinha de um tudo. Comia bem. Dormia bem. ... Ela também não conseguia explicar com a pureza da raz

A poesia da falta

Não há escárnio na dor Há somente o esquecimento do amor Por um minuto sequer Se se pudesse ter O prazer daquilo que não purifica a alma Mas que, de tanto prurido, faz coçar, arder Sou o ar indigesto da felicidade pueril Sinto falta da poesia que me falta Temo a ausência orgânica O soro que percorre minhas veias não ventila meu peito Por Natália Freitas

Cadência sim. Decadência, jamais!

Ó, meu amor, a ti devoto todo meu querer No riso, na dor, no labor e, ainda mais, no amor É nos teus braços que desejo me entregar Num bailado quebrado, atrapalhado e nada ensaiado desejo rodar Por esse salão tão meu, tão seu  Que faz da minha vida mais vida  E que leva junto conosco todos aqueles sorrateiros  Que, ao menos por uma noite, se deixam levar A mediocridade nos deixou, por pura birra.  Teimando em ser burra por não gostar de sambar E pra ela respondemos:  - Vá ser burra sozinha, porque queremos mesmo é sambar! Por Natália Freitas

A insensata leveza que deveria ser

Cotidiano maldito esse. Faz de nós meros espectadores de nossas próprias peças.  (...) Ana, que amava Paulo, não considerava ter os atributos necessários para conquistá-lo. E ele somente amava os astros, estrelas... a solidão. Rebeca percorreu milhares de quilômetros para realizar aquela seleção de trabalho para qual tanto se preparou. Mas, tadinha, chegou sete minutos atrasada... o suficiente para que descontroladas lágrimas percorressem seu rosto. Um ninguém (que já foi alguém) está sentado na frente de uma agência bancária a implorar por moedas aos que lá passam. Uma pedra que nem causa tropeços. O sr. Najif Nassuh, dono de grande patrimônio, realiza mais um dia os movimentos rotineiros: pouco trabalha, muito suga e sabe utilizar como ninguém seus direitos de cidadão afortunado. No mundo animal (aquele definido até certo tempo de irracional) a coisa funciona tal qual a melhor das orquestras. Cada um com seu papel definido, mas com uma afinada inter