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Mostrando postagens de outubro, 2013

Voz rouca

Fogos, ardor, clamor: defesa interna já! Psiiiu! ouça, eles riem, ouve-se ao longe Outros nem isso Calam-se as greves e as Ligas Também seus filhos, homens de construção A juventude insiste, resiste... é abatida Vermelho, de luta, de sangue Mudar Apagar Silenciar Forjar Omitir Cegar Verbos do sim e do sim senhor Pais mutilados, mulheres estupradas e também as leis Crianças órfãs... de um passado, de um presente e de colo Muitos a errar, errar por não querer calar, aceitar, exilar Numa sala qualquer do  DOI-CODI cai mais um "subversivo" ... em casa, uma mãe tira o bolo do forno, prepara o café e espera a chegada do seu. Por Natália Freitas

Helena de trinta

Na lira dos seus 10 anos o que Helena mais desejava era ter 15. Balbuciava para si mesma todas as façanhas que realizaria quando esse dia chegasse. E ele chegou. Mas a inquietude dos ventos levou seus melhores carnavais. Ainda sim, não deixou por menos. Viajou, fez amigos, brigou, chorou, sorriu e amou (e como amou). (...) Não bastava. Sentia-lhe no peito um descompasso incômodo. Era uma estranha a si mesma. (...) Diariamente, empossava-se em belos trajes e ia trabalhar. Executava iguais movimentos para dias diferentes. Pesava-lhe a falta. (...) Dos livros que leu, dos vinhos que bebeu e, de tudo que escrevera, a falta era presente. Sim, um bocado de falta para um bocado de muito. (...) Tornou-se habitual em seus ponteiros o observar do movimento alheio. Era-lhe uma missão descobrir o que a ela faltava. Em anos seguidos acumulou grande pesquisa. Sabia por A + B o que incomodava aquela vizinha ranzinza. Aprendera, inclusive, a prever as frases feitas que e