O desfazendo
Era o sol que se abria rasgando o dia de hoje de sua agenda. - Aai, aquela sintonia... de cheiros, cores e sons... Só por hoje, para o dia de hoje, iria desfazer. Desfazer o arquiteto, que arquitetou que tudo tinha que ser arquitetado. Desfazer as lições de casa, culpadas pelas horas de brincadeiras perdidas. Desfazer os acertos, porque os erros são mais aprazíveis. Nos rasgam os joelhos e deixam cicatrizes em belos desenhos. Mais tarde, quando operada toda a desfazança, ela sonharia com um mundo onde crianças pequenas, crianças grandes e, até lesmas, aguardariam com ansiedade o nascer do sol. Da mesma forma, ficariam elas, todas elas, bem quietinhas a olhar a dança do esconde desse velho amarelo. Por Natália Freitas