A alma da casca



Muito fácil seria se todo poema terminasse em rima perfeita.
Daquela de afagar o peito por puro conceito.
Mas não.
Poema que se preze corta por intenção.
É a procura de alma para um corpo vazio.
É o sorriso rasgado daquele que esqueceu a viela da felicidade.
Bem longe do bailado parnasiano,
dois quartetos e dois tercetos.
(...)
Poe(mar).
Para além, do quê?
Do verso.
Transpondo o inverso.
Do que te parte, te seca, te esconde sob os lençóis.
(...)
O corpo pede a exatidão das linhas curvas.
O preenchimento daquele "enter" por um entre.
(...)
Sente-se o naufragar dos pensamentos rotos.
Poesia é o vômito dos ébrios da razão metrificada.
É o desconserto do acerto.
Racha a casca.
Arde.
E nos torna mais humanos.


Por Natália Freitas

Comentários

  1. Uau! Que jóia de poema. Mt bom, Sobretudo no momento em tudo tem que ser rotulado. Deixar fluir, sentir é melhor que encaixar num molde perfeito. Volte sempre, Rosa!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Tá tudo amassado

Surpreender-me sempre com o rotineiro!

De passo a passo segue meu coração